quinta-feira, 22 de março de 2007

There´s one for you, nineteen for me

Era mais um dia comum. Cheguei do trabalho depois do almoço, tirei o tênis, troquei de roupa e assisti a um pouco do Jornal Hoje. Bateu saudades de ouvir Beatles e fui para o computador, no qual no dia anterior havia descarregado o álbum Revolver. Conectei-me à internet, e assim continuou minha tarde, feliz e tranqüilamente.

O dia estava quente e lembro-me que bebi bastante água: logo a garrafinha que sempre fica ao lado do computador estava vazia. Levantei-me e segui para a cozinha, a fim de enchê-la novamente.

Foi quando a vi. Ali, inerte, próxima ao batente da porta. É incrível como elas passam por baixo da porta sem que ninguém perceba; quando se vê, já é tarde demais e o pesadelo se instala dentro do recinto.

Meu coração imediatamente começou a bater mais forte: toda vez que elas aparecem é assim comigo. Pensei em pegar a vassoura e varrê-la para fora do meu doce lar, como se ela nunca tivesse existido. No entanto, sabia que mais dia, menos dia, ela voltaria ainda maior.

É nessas horas que eu penso que nem tudo é um mar de rosas quando se mora sozinha. Poderia haver alguém ali para me ajudar. Mas não havia, e decidi que era melhor enfrentar o medo de uma vez por todas. Aproximei-me aos poucos da danada, que, imponente, não saía do lugar. Ela sabia que eu não poderia fugir disso.

Abaixei-me devagar. Por um instante, a idéia de pegar a vassoura voltou-me à cabeça, mas peguei-a mesmo assim. Os batimentos cardíacos aumentavam, assim como o pavor do que estava por vir.

Mirei-a contra a luz da janela e continuei com os procedimentos até o final. Ao contrário do que esperava, não foi um happy end. Quando ela se revelou, quase caí para trás. A conta de telefone veio 160 reais.

Raiva, humilhação, injustiça, roubo. Um turbilhão de sentimentos. Pensei no condomínio que viera dias antes e que havia subido. Pensei no passe de ônibus que também subiu. Pensei na depilação, no lanche da cantina, em tudo que ficou mais caro nesses últimos meses.
Senti na pele o que sabiamente o Prof. Raimundo sempre repetira: "e o salário ó".

É como o George diz na primeira faixa do Revolver:

"Now my advice for those who die,
Declare the pennies on your eyes.
Cause I’m the taxman,
Yeah, I’m the taxman
And you're working for no one but me."

segunda-feira, 12 de março de 2007

2 horas de sol na cabeça

"Meus pais estão em Vitória. Que inveja deles. Que saudade daquela viagem de carro que a gente fez pra lá... hmmm do Peruá."
(...)
"Gente que Sol é esse? Agora que eu tô pensando, po, fiquei com a cara no sol do meio dia às duas e meia, que péssimo. Tipo, se pelo menos eu ficasse bronzeada de corpo inteiro... OU se pelo menos o povo de Bauru tivesse a mesma mentalidade de um povo litorâneo, eu já podia sair por aí de bikini. Útil ao agradável. Morena verão. uhu.
Quando eu mudei pra cá eu não sabia dessa. Ei, eu não sabia! O calor de Bauru devia ser uma cláusula de qualquer contrato imobiliário. Não que eu não viesse por causa disso. Mas sempre é bom avisar."
(...)
"Putz... já me falaram que a Magazine Luiza fica em todos as quadras do calçadão, acho que o jeito é sair andando mesmo. Nossa... olha aquela loja de 1,98!! Ah, deve ter alguma coisa precisando em casa..."
(...)
"... hmm taças de vinho... amanhã é o dia, hein? 2 anos! É, vou levar. Duas. Não, três. Tem aquele vinho pra tomar com meus pais."
(...)
"Here it is!! Finalmente!! Nossa, olha aquela cama, tá aqui desde a liquidação fantástica! Eles enganam a gente direitinho. Pior que eu fiz parte daquela histeria. Bom, pelo menos hoje é a última parcela!! E aquele colchão de casal veio na melhor hora. Calor, né. Não me arrependo. Além de ser linda [a cama]."
(...)
"Livre!!! Livre de parcelas!!! Uhu. Hmm que pena que eu já comprei as taças de vinho, aqui tem umas bem mais bonitas.... mas tem essas aqui de sobremesa, né? Poxa, eu não tenho nada pra servir sobremesa. Nossa, ia ser o máximo fazer creme de papaia com cassis amanhã! É, vou levar. Duas."
(...)
"Não vai ter aula amanhã? Nossa, mais perfeito impossível. Preciso fazer mais compras..."



Ciclo interminável do pensamento consumista (pensou que era comunista, hein?). Eu faço parte.

quarta-feira, 7 de março de 2007

What
do you care
about MY fashion sense?

*

Por que vem Velhas Virgens e Patu Fu todo ano e eu nunca vi Zé Ramalho??
Eu quero ver Zé Ramalho!! Velhas Virgens é ridículo!!

Por que vem Coldplay e eles tocam pra 3 pessoas a mil reais cada??
Por que teve gente que ganhou VIP pra ver U2 e eu nem com 10 horas de fila e de telefone não posso?

Nada faz sentido nesse mundo.

Pelo menos Los Hermanos salva a minha vida...

*

SÃO APENAS 4 HORAS POR DIA. PORRA.
Mas a gente se mata. Dá nada não.

*

Vontade de cantar, dançar, assistir um filme gostoso hoje...
Tô me sentindo aquela mulher do comercial de carro: "Tudo bem!"